AS MÁSCARAS CAEM

           Em uma manhã qualquer com o ar frio, mas um sol confortante, uma repórter de um jornal local, aborda pessoas na praça central da cidade para perguntar o que elas acham do uso de máscaras para a proteção de um vírus que pode ser mortal, durante uma pandemia.

             Algumas pessoas fingem que ela não está lá, outras simplesmente a ignoram, mas várias aproveitam para deixar sua opinião.

                CARMEN (72 anos, aposentada) — Eu acho que o rosto da gente fica muito quente e acabo borrando minha maquiagem.

                LOURIVAL (64 anos, empresário) — Não acho nada, pois não uso. Isso aí é coisa de esquerdista... é uma doença qualquer e quem for forte sobrevive.

                GIOVANNA (27 anos, professora) — Acho necessária, mas embaça meus óculos toda hora.

                LUCAS (32 anos, metalúrgico) — Nossa! Eu transpiro demais... fica molhada e é muito incômodo usar o dia todo.

                LAÉRCIO (87 anos, aposentado) — Eu não vou andar de focinheira por aí. Se morrer, morreu!

                MIRTES (44 anos, gerente comercial) — Fica feio, né? Mas eu uso, me preocupo com tudo o que está acontecendo.

                JÚLIA (17 anos, estudante) — Eu adorando, cada dia uso uma estampa diferente e assim ainda escondo meu aparelho ortodôntico.

                MILTON (31 anos, músico) — Eu uso, mas fica pinicando a barba, coça demais.

                CLARA (24 anos, secretária) — Acho que tem que usar mesmo, mas suja muito de batom.

                VICTOR (36 anos, administrador) — Me irrita muito quando falo, porque entra na boca toda vez que eu respiro.

                TADEU (25 anos, atleta) — Não tem a menor condição de treinar com isso na cara, mas sigo usando quando estou fora de casa.

                GLAUCO (43 anos, médico) — Pra mim, está tudo igual.

                HENRIQUE (12 anos, estudante) — É chato usar essa máscara.

                CÉLIA e NELSON (73 anos, dona de casa e 79 anos, aposentado) — Eu não consigo respirar direito com isso.

                — E eu não consigo olhar para o sorriso do qual me apaixonei.

                ZECÃO (não soube informar idade, mendigo) — Achei que agora eu ia diferente das pessoa e iam oiá mais pra mim, mais nem assim.

                ANA (5 anos, otimista) — Agora eu consigo olhar mais nos olhos do papai e da mamãe. E as pessoas... elas olham nos meus.


Bruno Lopez

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