PAPEL DE PRESENTE
Em uma cidadela muito distante,
havia uma senhora muito pobre. Dona Gertrudes morava em uma casa simples feita
de barro, com janelas de madeira pintadas de azul. Não qualquer azul, azul
celeste. Como sua casa ficava em uma viela estreita demais, Dona Gege, como era
conhecida na vizinhança, não podia ver o sol do conforto do seu lar, então
decidiu trazer o céu até sua casa através da cor.
Todos os dias, molhava suas
plantinhas que viviam na jardineira suspensa na frente da casa. Apesar da
simplicidade, Gertrudes sempre foi feliz à sua maneira. Vivia sozinha e já não
tinha familiares por perto. Viúva, dedicava a vida ao luto e às poucas regalias
que tinha com a pensão do falecido alfaiate.
Como era de costume, todo domingo
ia à missa com seu vestido de sair e logo depois passava comprar um doce da
vitrine de seu Henrique. Olhava atentamente a cada detalhe daquelas delícias e
depois de algum tempo pedia para viagem. O pacote daquela padaria era o que
Gertrudes mais gostava. Claro que o doce era também de dar água na boca, mas
ela sempre teve uma paixão não muito secreta pelas embalagens.
Quando era pequena e ainda vivia
com seus pais, era comum no Natal ou dia de ano ganhar um presente especial. A
pequena Gege sempre foi muito comportada, obediente e estudiosa. Sendo assim,
mesmo sem muitos recursos, seus pais davam um jeito de comprar algo para tornar
as festas ainda mais especiais.
Gertrudes sempre gostou muito de
ganhar mimos, mas para ela o que mais importava era em que aquilo estava
envolvido. Podia ser uma caixa, um pedaço de papel, ou simplesmente um laço. O
sentimento de carinho colocado no processo em transformar alguma coisa em
presente, era o que mais lhe chamava atenção. Podia ganhar um botão, desde que
estivesse embrulhado. Muitos de seus conhecidos, incluindo seus pais, quando
ganhavam algo, logo iam rasgando o invólucro para ver o que de tão especial
tinha dentro. Mas, para Gertrudes, a alegria começava antes mesmo de abrir.
Como um hábito, sempre guardou
cada papel que recebia, debaixo do colchão para não amassar, e quem sabe,
utilizar em uma ocasião especial. As caixas e latas mais bonitas, usava como
porta mantimentos ou para guardar objetos pessoais. Aos poucos a vida foi
passando...
Se casou, não pôde ter filhos,
seus pais faleceram, as poucas amigas já estavam velhas quando seu marido também
morreu. Mesmo assim, Gertrudes nunca perdeu o sorriso nos lábios, a esperança
de dias melhores e o prazer pela vida. Em sua rua de pedras, podia sempre caminhar
enquanto contemplava as construções rudimentares da região, ao encontrar um
conhecido fazia questão de perguntar se estava bem e sempre colocou o máximo de
carinho em tudo que fez, afinal, acreditava que as pessoas são o reflexo de suas
experiências.
Gertrudes chegou à velhice com
muita alegria no coração e sem nenhuma doença grave. Há quem diga que foi
sorte, mas todos os dias ela dormiu junto ao carinho de cada um que lhe
presenteou enquanto viva.
Adorei Bruno!! Parabéns 👏👏👏👏
ResponderExcluirMuito obrigado 😊
ExcluirAmei!. Me envolvi em cada momento. Parabéns!
ResponderExcluirQue delícia ler isso, obrigado 😍
ExcluirAmei 🤗🤩😍💝
ResponderExcluir😍😍😍
ExcluirAmei, parabéns💝
ResponderExcluirMuito obrigado ☺️
ExcluirApaixonante....🎁
ResponderExcluirLove is in the air...
ExcluirAmei muito cativante
ResponderExcluirDeu Vontade até de conhecer a Dona Gege
Bem reflexivo devemos todos a energia e alegria da Dona Gege por que a felicidade tem que estar em nós e não no que temos ou deixamos de ter
Dona Gege é a vizinha que todos deveriam ter :)
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