QUANTO VALE O CARINHO?
Hoje eu entendo a minha avó. Quando
eu era criança, vivia correndo no bairro dela. Meus amigos moravam todos lá
perto, e como a rua era sem saída, ela nos deixava brincar sem grandes preocupações.
No final do dia, papai ou mamãe saíam do trabalho e passavam me pegar, já quase
dormindo de tão cansado. Eu suava, me jogava no chão, eram tantas peripécias
que nem consigo contar.
A rotina daqueles dias são
inesquecíveis. Às 15h30 tínhamos que parar para o café da tarde tomar, vez ou
outra, a molecada toda ia na casa de meus avós, eles adoravam. Fritavam
bolinhos de chuva, faziam chás e chocolate quente. O bolo de chocolate sempre
estava servido, e quase que engolindo tudo de uma vez, saíamos correndo de novo
para não perder nenhum minuto sem brincar.
Antes de tudo, ela me obrigava a
fazer a lição de casa, era chato. Mas eu fazia muito rápido para encontrar o
pessoal. Um dia eu fugi sem terminar a lição, mas vovó foi atrás de mim com a
vassoura em mãos, e só depois dela corrigir tudo, me deixou ir para fora
novamente. Falando assim, até parece que ela era ruim, mas na verdade, só queria
o meu bem, até demais.
Quase todos os dias, quando
alguém ia me buscar, ela discretamente, colocava em meu bolso, um rolinho de
dinheiro. Sempre um dinheirinho para comprar um lanche, ela dizia. Um
complemento e tanto para minha mesada. Meus pais, se vissem, brigariam com ela,
mas a gente era cúmplice e eu nem recusava mais, fingindo educação.
O tempo foi passando e mesmo
depois de adulto, ela mantinha o hábito de enrolar alguma nota e colocar em meu
bolso.
— Vovó, já sou crescido, tenho
meu trabalho, não é necessário.
— Eu sei! Mas eu dou porque posso
e me dá prazer. Leve, assim você compra um lanche mais tarde.
Mesmo sem entender, agradecia o
carinho e seguia meu rumo. Quando podia, sempre comprava alguma coisa para
comermos juntos. Hoje os tempos são outros e meus avós já não estão aqui, eu
cresci bastante, me casei e uma nova família formei. Ainda que distante pelo
tempo, cada vez mais, me sinto próximo de vovó. Eu a entendo mais a cada dia.
Tenho um netinho. O menino é bem
peralta, mas um poço de amor. E cá estou eu separando um dinheirinho enrolado
para dar a ele sem que a mãe dele, minha filha, perceba. Um dos poucos prazeres
que um homem já velho, como eu, pode sentir.
Bruno Lopez
Nossa, me vi fazendo isso com o João...típica atitudes de avós, rsrs. Quando pequena, fui mimada pelas minhas avós, com muito carinho e atenção...ah saudades que ficam na memória.... saudades ❤️❤️
ResponderExcluirAh, que delícia saber disso!! Logo mais, já estará fazendo, com certeza, rs. <3
ExcluirBruno, sua escrita me faz refletir...tem doçura, porém é pragmático...amo ler suas postagens. Parabéns 👏
ResponderExcluirObrigado! Fico muito feliz que traga estes sentimentos. <3
ExcluirAtitudes que nos marcam são cicatrizes pro resto da vida!
ResponderExcluirQuantas cicatrizes boas, não?
Lembrei das brincadeiras,na rua da casa da minha avó 😊, ela tinha o café com leite mais gostoso do mundo ❤️☕
São as melhores cicatrizes da vida. Que alegria tantas lembranças boas <3
ExcluirAdorei! Revivi momentos com a minha madrinha e vizinhas que sempre me presenteavam com um dinheirinho para eu comprar um doce de padaria.
ResponderExcluirAhhh, que delícia! Para comprar um doce é ainda melhor!
ExcluirMinha avó me chamava de terronzinho de ouro...♡
ResponderExcluirhahah adorei o nome, rs.
Excluirsuper me identifiquei com essa demonstração de carinho familiar! Minha avó adorava fritar pastel e fazer bolos para mim e para os meus primos quando era viva :,-)
ResponderExcluirAh, que legal! Obrigado por compartilhar. Tem coisa melhor do que ser presenteado com comida? <3
ExcluirShow!...🥰❤🤩🙌🙌
ResponderExcluirObrigado pelo carinho de sempre.
ExcluirDe ouro mesmo é o carinho dela <3
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