BEM NO PONTO


Ela estava sentada no sofá lendo seu jornal atrasado. Já era noite, e era o único momento que tinha para se informar e relaxar a mente com outros problemas que não fossem os seus. Mas parecia que nunca a moça teria um momento de paz.

Márcio chegou abrindo a porta com tudo, ele estava alterado. No silêncio de sua voz, a jovem orava para que daquela vez não apanhasse. Marcinho, como era conhecido, sob efeito do álcool em excesso, batia em cada móvel com tanta força que chegavam a quebrar. Era muita ira em seu olhar, muita raiva em seu coração, e a pobre Mel, não podia aguentar mais.

Com uma força sobrenatural, ela levantou e o chamou até a cozinha. Lá tinha uma comida fresquinha e feita para ele, pediu que se acalmasse e que comesse antes de conversarem. O nervosismo de Márcio não o deixava ficar quieto, mas a obedeceu e sentou. Quando ela o serviu, ele sem olhar direito, enfiou logo a colherada na boca.

Com um grito absurdamente alto, ele levantou, jogou o prato no chão e berrou com a esposa.

Ela riu, e lentamente saiu e o deixou sozinho. As malas que já estavam feitas, a esperavam junto à seu pai que a aguardava no carro. Ele não a daria mais trabalho.

— E, afinal, o que tinha naquele prato?

— Você não faz ideia... Ela foi muito criativa, e agora ele nem se arrisca a fazer mais nada de ruim para ninguém. Olhando para a menina, ninguém dizia, mas ela era braba...

E então, as duas senhoras fofoqueiras puxaram a cordinha e desceram em um ponto ainda longe da minha casa. A história estava tão intrigante que eu quase desci junto para saber como continuava, mas não seria possível.

Elas tinham que demorar tanto para revelar o que tinha naquele prato? Bem no ponto mais interessante da conversa? E se um dia eu precisar de algo assim? Agora, só me resta imaginar.


Bruno Lopez


 

Comentários

  1. Será que a comida estava fria🤔 pois a vingança nunca se come quente 😃, hehe 😏🙈

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