FLOR DO VIZINHO

 


Hoje ao amanhecer, eu me deparei com uma roseira cheia de botões abertos e bem vermelhos. Eu andava pela rua e as rosas passavam pelas grades do portão de um vizinho. Ele tinha fama de que não gostava que mexesse em suas plantas, mas afinal, ela estava do lado de fora e...

Instintivamente, eu puxei uma das flores para poder sentir melhor o aroma e tirar uma foto, e claro, me espetei com um espinho. Logo em seguida, uma voz gritou:

— Saia já daí! Só eu posso mexer nas minhas flores.

Na hora, e com o susto, saí depressa e nem percebi, mas o machucado doeu e sangrou. Que rosa trapaceira, que velho mal amado; pensei eu. Eu poderia guardar mágoa daquela situação, mas analisando os fatos de verdade, percebi que era eu quem estava invadindo o espaço deles, sem ao menos pedir licença.

Claramente eu tinha boas intenções, mas sem perceber, eu não respeitei o ambiente sagrado do jardim de seu Floreano, fui logo chegando e mexendo no que estava quieto.

Enquanto continuava minha caminhada, me dei conta que sempre vamos nos deparar com rosas e margaridas pelos caminhos, mas nem sempre podemos fazer, falar ou mexer com elas como bem entendermos. Existem os limites e devemos respeitar. Tudo tem um porquê. Pode ser que a gente ainda não saiba, mas algumas marcas nos ensinam. No instante em que percebi o furinho no meu dedo, entendi que aquele era mais um aprendizado da vida.

Um belo jardim pode ser também perigoso, mas ao mesmo tempo, ele pode estar apenas se defendendo das ações que os afetam e ensinando os seus limites.

Bruno Lopez

Comentários

  1. Sim, nossas ações são sempre carregadas de intenções e muitas das vezes queremos nos esconder no que a aparência é capaz de revelar e muitas vezes esta aparência está a anos luz da verdadeira intenção. Estamos em tempos de cuidar de ver o que não é mostrado e ter mais atenção ao que parece, mas não é.

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  2. Todos já se machucaram com a vida, mas isso não nos dá o direito de machucar também 🙏🏻😘

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