PRESENTE DE NATAL
Quando eu era criança, eu torcia
para o natal chegar logo, e então, eu poder abrir todos os presentes que me
aguardavam. Em alguns anos eram muitos, outros, nem tanto, mas o importante é
que eu sempre tinha belas embalagens para rasgar e me surpreender. Com o passar
do tempo, as caixas foram diminuindo, mas ainda assim a união da família e
amigos continuava.
Com a idade mais avançada, fui
percebendo que a magia desta data não se resumia a brincar com os primos e
amiguinhos da época, mas sim em se reunir e distribuir amor, em suas variadas
formas. O mais importante era poder celebrar o final do ano com pessoas que
amávamos e queríamos bem, era se comover com o espírito natalino, e cada vez
mais, ser uma pessoa melhor.
Já adulto, comecei a fazer
doações quando podia, comprar brinquedos para crianças carentes, mas eu sentia,
que apesar de tentar, eu não estava fazendo o meu melhor. O natal não podia se
resumir apenas ao capitalismo e às compras de mais e mais coisas. Eu percebi,
que mesmo que inocentemente (e com um claro interesse em ganhar presentes),
quando criança, o feriado era tão especial, mágico e tinha um ar de “melhor
sensação do mundo”, mas aos poucos, isso foi se perdendo.
Com o intuito de ter e oferecer
uma experiência mais próxima do que eu acreditava deste evento, fiz uma
plaquinha decorada com artigos natalinos e fiquei com um amigo, na noite de
véspera, em uma movimentada avenida da cidade. A placa dizia: “Ganhe um abraço
e um feliz natal”.
Muitos vieram até mim, retribuíram
o carinho, me desejaram felicidades, ganharam sorrisos e afeto, mas ainda assim,
não era o que eu esperava. Não eram todas as pessoas que mereciam receber
aquele carinho que estavam ali, apenas uma parcela de crianças e adultos bem
intencionados e inclinados a fazer o dia de alguém melhor. Mas e as pessoas
invisíveis, aqueles que sequer ousariam me olhar, todos que podiam nunca ter
recebido um real desejo de feliz natal?
Pois então, após trocarmos
olhares silenciosos que diziam tudo, saímos pelas ruas da cidade procurando nos
cantinhos, nas calçadas e até nos semáforos. Aqueles que nos permitiram,
abraçamos e desejamos um feliz natal.
Teve muita emoção nesses momentos,
mas nada superou quando uma senhora nos abraçou juntos e nos falou: “Sempre nos
dão alguma coisa de presente, um brinquedinho para as crianças, uma comida
diferente, e sou muita grata, mas nunca me deram um abraço tão verdadeiro e um
desejo de felicidade tão sincero. Obrigada por me fazer me sentir gente de novo”.
Aquela frase me matou por dentro,
porque por muitas vezes eu ajudei de várias maneiras, mas nunca tinha
percebido, que às vezes, tudo que queremos e precisamos é nos sentir iguais a
todos.
Desde aquele dia, tenho tentado
ser mais verdadeiro e humano com outras pessoas, em especial, em datas
comemorativas, que nos deixam mais vulneráveis emocionalmente. Se eu puder
fazer a diferença na vida de uma pessoa, que assim seja.
Bruno Lopez
Lindo!
ResponderExcluirLinda atitude e lindo texto! E você faz sim toda a diferença! Saudades! <3
ResponderExcluirSempre queremos agradar as pessoas de uma maneira ou outra, mas o real sentimento está apenas num abraço sincero 🙏🏻🎉
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