A CASA EM QUE NASCI

 


Hoje eu voltei no vilarejo, lá na velha casa humilde onde eu nasci. A saudade bateu forte, a paisagem, as lembranças... Tudo estava ali.

Ao fechar os olhos, senti que dali eu nunca havia saído. Em cada passo que eu dava, via cenas de tudo aquilo que eu já tinha vivido. Era como um filme em minha cabeça.

A casa, o lago, o ar, a vidraça quebrada, a cerca, os vizinhos, a bicicleta parada, a venda da esquina, o sol, a noite estrelada, o som da natureza e aquela lata enterrada.

Ao lembrar da tal latinha, imediatamente fui até o local onde estava escondida e pronta para se abrir. Em um cantinho do quintal, estavam guardadas as memórias de alguém que sabia amar e ser amado. Os sentimentos que afloraram me trouxeram os sonhos e os bons momentos que sempre me acompanharam. Ao cavar um pouco aquele chão de terra, percebi que uma vida toda, podia caber ali dentro.

Cada objeto que eu revia, cada sonho que eu tinha, cada coisa que compunha minha história, me fazia chorar, pensar, e também sorrir. Ali dentro encontrei uma carta, um cartão, uma embalagem dobrada, uma foto, um botão e até uma figurinha colada. Junto a tudo, pude ver uma rosa já ressecada, uma notícia cortada, uma fita de cetim e o batom que ela usava.

Ao tocar aquele pequeno objeto, lembrei de como tudo mudou. A dor invadiu o meu coração, senti um calor que transformava minhas emoções. Eu estava feliz, mas depois triste. Eu nunca tinha ido lá novamente desde que ela havia partido. A gente foi tão feliz, e ela me ensinou a levar minha alegria e os meus mais sinceros desejos para onde eu fosse.

O que faz falta vem à memória sem pedir licença, e não podendo mudar o passado, só resta lembrar do amor, da cor, da flor, o sabor que a vida tinha naquela época. Me lembro com clareza do humor, do pôr do sol abraçado a ela e de tudo que me ensinou.

Por onde eu for, mesmo quando o coração apertar, irei te levar no coração.


Bruno Lopez

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